Lá se vão vinte anos dessa reportagem.
Foi em 2 de outubro que ela surgiu, quando fazia uma visita de rotina ao então Ministério do Turismo e do Esporte. Enquanto eu conversava com uma autoridade, observei sobre a mesa dele um documento que indicava, com letras garrafais, ser um projeto para a criação de uma “Agência Nacional do Esporte”. Achei muito estranho, afinal faltavam dois meses para que o então vencedor da eleição, Luiz Inácio Lula da Silva assumisse a presidência da República, em substituição ao então presidente Fernando Henrique Cardoso.
A tal “Agência”, nos moldes da ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações – pegaria Lula de surpresa, pois, criada por Medida Provisória, teria o seu presidente indicado imediatamente e o mesmo não poderia ser trocado nos próximos dois anos. Em resumo, tratava-se de uma intromissão do governo FHC na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, a dois meses de começar o seu primeiro mandato presidencial.
O assunto foi publicado no Correio Braziliense e a repercussão culminou com a decisão de FHC de não tocar o assunto pra frente. Assim, a criação de uma Agência Nacional do Esporte não passou daquilo, um projeto sobre a mesa de um burocrata da Esplanada dos Ministérios.
Sobre o autor
José Cruz
Em Brasília desde 1980, entrou para a reportagem esportiva em 1986. Cobriu os Jogos Olímpicos de Seul (1988) e Sidney (2000). Durante seis anos, manteve um blog no UOL, onde revelou esquemas de corrupção com verbas públicas no esporte. Em 2016 integrou a equipe da CPI do Futebol, no Senado, presidida pelo senador Romário.