José Cassimiro da Silva, um dos maiores lutadores de Judô do Mundo, era amigo da minha família, morava no Cruzeiro Novo. Ele estava sempre com o Vardo, que morava em frente a nossa casa, um colecionador de passarinhos, a exemplo do nosso judoca.
Certa ocasião, um dia de sábado, ele me convidou para jogar uma pelada com os seus amigos no Ginásio da Polícia Federal. Chegando na quadra, me colocaram no gol e até que deu para quebrar um galho. Ao sair da pelada, Cassimiro me chamou para passar na Academia do Waldemar Santana para conhecê-lo. O papo foi legal e ele me indicou uma academia de boxe na antiga quadra 30 (atual 6) no Cruzeiro.
Fui por curiosidade e recebi um par de luvas e algumas instruções. No treino, me colocaram com um garoto da minha idade, me dei bem e depois de um tempo o treinador me colocou para lutar com um mais velho, chamado Geraldo. Eu até achava que tinha começado bem, bati no braço protetor do adversário o que fez com que eu fosse perdendo as forças. O adversário aproveitou e deu um cruzado de direita, que até hoje eu sinto a pancada. Fiquei com muita raiva, mas não adiantava e resolvi nunca mais aparecer na academia. Tempos depois, o Cassimiro perguntou como estavam os treinos, disse que estava estudando muito e tinha dado um tempo. Ele me olhou e falou: “acho que você levou algum cruzado”. No fundo, acho que ele sabia, mas na minha cabeça boxe nunca mais.
Sobre o autor
Helio Tremendani
Carioca, botafoguense e portelense, Hélio está vinculado à vida comunitária de Brasília e, em especial, do bairro Cruzeiro, desde que aqui chegou, em 1961. Ele é dono de um riquíssimo arquivo jornalístico e fotográfico, neste site publicados, que melhor ajudam a entender sobre a cultura e o esporte da ainda jovem capital da República.