Das antigas no Cruzeiro: Eu e minha família, formada pelos meus pais: Juracy Tremendani e João Mello Santos, e meus irmãos: Jeanette, Moacir (Melão), Marly, Marlene, Ademir (Melinho), Iracema, Jurema e a sobrinha Rita de Cássia, chegamos no Cruzeiro Velho em março de 1961. Viemos para Brasília com a transferência do meu pai para Câmara dos Deputados.

A nossa chegada foi tumultuada pois meus irmãos queriam voltar para o Rio de Janeiro. Eu e Jurema éramos os mais novos e, sem entender o que se passava, procurávamos fazer amigos como forma de interação para passar o tempo. Assim que chegamos, começamos a estudar em uma escola improvisada, em condições bastante precárias, em um acampamento da Construtora Alcino Vieira.
Quando acabavam as aulas, eu brincava na rua e, às vezes, aceitava o convite do amigo Adelino para caçar passarinhos no cerrado onde atualmente é o Sudoeste ou íamos para o lado onde foi construído o Cruzeiro Novo. Aquilo não me agradava porque eu ficava com pena dos passarinhos.
Com o tempo, outros amigos surgiram como Solimar, Luís Carlos, Nôno, Milton Capo, os irmãos Dario e Manoel, e nosso vizinho, Eudo – o popular Pudim, Arthur, Fernando, filho do seu Chico Bombeiro, e outros. Com eles, comecei a jogar futebol pela Clube Associação Esportiva Cruzeiro do Sul, participávamos de jogos amistosos e de alguns torneios na categoria mirim.
Quando não tinha futebol, a distração era brincar nas enormes valas abertas para implantação das redes de águas pluviais, soltar pipas e outras brincadeiras que já nem existem mais. A preferida era pertubar os vizinhos colando esparadrapos nas campanhias e sair correndo para não sermos identificados, porém a maioria das pessoas já sabia que eu estava envolvido. Alguns procuravam os meus pais e lá vinha o tal do castigo: ficar sem sair de casa.
Concluído o ensino fundamental, fui estudar no Ginásio do Cruzeiro e logo nas primeiras aulas de Educação Física fui selecionado para compor as equipes de Basquete, Handebol, Vôlei, Futebol de Salão e Atletismo. Junto veio a primeira namorada, festas nas casas dos amigos e, aos finais de semana, tinha o programa “Domingo de Folga”, na TV Brasília (ao vivo), com concursos de calouros e grupos de mímicas que imitavam e dublavam conjuntos americanos.
Hoje, o Cruzeiro completa 66 anos e é uma cidade pronta, com seus imóveis muito valorizados. Mas aquela fase nos primórdios não pode ser esquecida, confesso que sou um cruzeirense apaixonado e que nunca morei em outra cidade. Aqui me casei e tive três filhos: Heloisa, Marcus Vinicius e Vitor.
Memórias da Cultura e do Esporte de Brasília
