No livro “A Profissão do Sonho”, lançado neste agosto de 2025, está a prova documentada, em detalhada narrativa, de que os irmãos Clodo, Climério e Clésio têm, sim, expressiva contribuição para a música nacional e não apenas regionalizada do Nordeste, do Piauí, em especial, onde nasceram.
Desde o início dos anos 1960 em Brasília, para onde vieram com a família, tornando-se verdadeiros pioneiros. Os “amarelinhos”, no dizer carinhoso do cineasta Vladimir Carvalho (morto em 2024) mostraram, logo cedo, o talento para a música: Clésio (1944-2010) e Climério, inicialmente, e Clodo (1951-2024) a partir dos 15 anos. Melodistas, poetas, compositores e letristas, os talentos se misturavam e as produções foram surgindo e encantando onde se apresentavam.
Os “amarelinhos”, a propósito, referia-se à identidade do nordestino piauiense, de estatura baixa, “de cor acobreada, só aparentemente quieto, incapaz de contar vantagem, mas por dentro um dínamo de coragem e talento pronto a explodir”. Foi o que o saudoso cineasta deixou escrito, em texto que prefacia o livro agora lançado.
O livro
O lançamento de “A Profissão do Sonho”, que teve a presença de Climério, conta sobre a personalidade e trajetória de cada um dos irmãos, com ênfase para a carreira que construíram em Brasília. Para melhor explicar sobre a carreira e o sucesso do trio, os autores também conversaram com alguns dos parceiros do grupo, como Fagner, Ednardo, Fernanda Takai, entre outros.

O jornalista, professor, poeta e escritor Severino Francisco, há mais de vinte anos repórter, crítico e subeditor do segmento cultural para o Correio Braziliense, conta na apresentação do livro que foi sua colega Dea Barbosa que o convidou para essa parceria de um livro recuperando a memória de Clodo, Climério e Clésio.
“Esse livro só se tornou possível graças à tenacidade nordestina da alagoana Dea Barbosa”, escreveu Severino. Para ele, em especial, é o 13º título como autor e participante. “Considerei o convite uma distinção e um desafio irrecusáveis”, afirmou o jornalista. E concluiu, conforme publicou o Correio Braziliense: “Esse livro e como se fosse a continuidade de todos os outros que escrevi, principalmente do “Da Poesia à Eletricidade”, que lancei quando a Capital completou 50 anos”.
A jornalista Dea, amiga de Clodo, Climério e Clésio, trabalha na área cultural, na qual se profissionalizou desde a década de 1990, sendo a idealizadora, pesquisadora e organizadora do livro.
Os irmãos

Sobre o trio, Severino descreve que Clodo, Climério e Clésio “nunca fizeram uma carreira no mercado fonográfico, pois eram compositores que cantavam. Sobreviveram do ofício de professores, para eles, a música foi (e é) a profissão do sonho”.
Os intérpretes
Para melhor conhecer o trio de artistas, Severino os descreve como se fossem “irmãos siameses. Ttodavia, são muitos distintos nos talentos e nas personalidades. Clésio era melodista, Climério, o poeta e Clodo sintetizou as habilidades de compositor e letrista. No entanto foram complementares”.
Devido à qualidade das composições, conquistaram intérpretes da elite nacional, como Fagner, Ney Matogrosso, Milton Nascimento e Elba Ramalho.
Depoimento
“Os irmãos Ferreira fazem parte da minha história artística e de vida, especialmente após a minha breve e intensa passagem por Brasília”, escreveu Raimundo Fagner. Concluindo: “Com a importante vitória no Festival de Música Jovem do Ceub, eles passaram a assumir o protagonismo da cena local por meio de um trabalho que se tornou referência musical, com show, discos e outr s manifestações culturais que Brasília sempre acatou”.
*Irmãos Ferreira, uma tripla entidade” é o título do artigo que Vladimir Carvalho (1935 – 2024) deixou escrito e que prefacia o livro de Clodo, Climério e Clésio.
Memórias da Cultura e do Esporte de Brasília