Time teve vida curta, mas entrou para a história do DF

Hélio Tremandani

Brasília era jovem, tinha apenas oito anos quando aqui surgiu o primeiro clube de futebol que representaria a cidade em campeonatos nacionais oficiais. Foi o CEUB (Centro Esportivo Universitário de Brasília), fundado por Adilson Peres (foto abaixo) e outros desportistas. Eles formaram um time para disputar a primeira divisão do futebol nacional, hoje conhecido por Série A.  A equipe brasiliense disputou os campeonatos brasileiros de 1973, 1974 e 1975 e marcou época, tornando-se referência na história do futebol brasiliense.

O início

Conforme o “Almanaque do Esporte” e o livro “História do Esporte” em Brasília, do jornalista Gustavo Mariani, onde busquei dados para rememorar o esporte na Capital da República, o futebol de campo com representatividade em eventos da CBF teve o CEUB o grande estreante.

Esse clube surgiu, conforme Mariani, de uma reunião no distante 1968, da qual participaram Adilson Peres, Huberto Gomes, Hezir Espíndola, Luís Roberto de Souza, José Walter, entre outros desportistas. Eles se reuniram no Colégio Sacra Coer para formar um time de futebol que usaria a estrutura institucional do Ceub (Centro de Estudos Universitários de Brasília).

Inicialmente, o time seria apenas para disputar “peladas” locais, nos ainda esvaziados fins de semana de Brasília. E assim foi. Porém, em 25 de fevereiro de 1971, o time se filiava ao Departamento Amador da Federação Metropolitana de Futebol e começava jornada profissional, utilizando-se do Pelezão, estádio na saída Sul da cidade que recebeu melhorias e capacidade aumentada para 40 mil pessoas. A nova entidade esportiva foi registrada como Ceub Esporte Clube, para disputar o Campeonato Nacional de 1973. A iniciativa vingou e o Ceub permaneceu na competição pelos próximos três anos.

 Veteranos

O interessante é que o clube utilizava jogadores mais velhos, “veteranos”, como se diz. Entre eles, Rildo, Oldair, Cláudio Garcia, Fio Maravilha, Valdir, que foi goleiro do Vasco e sofreu o último gol de Pelé em jogo realizado em Brasília, em 1973.

Porém, o Ceub também revelou expressões no futebol, como Deo, o goleiro Paulo Vitor, que serviria à Seleção Brasileira, Nonoca, Nenê, Júior Bsrasília, Marco Antônio, Péricles, Gilbertinho, Alencar, Moreirinha, Emerson, Rogério Bayer e, de fora, trouxe Xisté.

Estreia

Usando em seu uniforme as cores amarela e azul, o Ceub estreou em eventos nacionais num torneio universitário realizado em Porto Alegre, onde terminou em quarto lugar. Pouco tempo depois, venceu um torneio realizado em Goiânia.

Já em jogos profissionais, a estreia foi no Campeonato Nacional de 1973, empatando com o Botafogo por 0x0 no jogo de estreia, no hoje demolido Estádio Pelezão, o primeiro da Capital que acabou destruído pela especulação imobiliária. Uma tristeza!

Naquela campanha de 1973, o Ceub alcançou expressivos resultados, como vitórias sobre o Cruzeiro e o Corinthians, ambas por 2×0. Em excursão à Europa, jogou na Itália, Espanha, Iugoslávia e deu uma esticada à Ásia. Venceu cinco jogos, perdeu outro tanto e empatou em três partidas.

Abaixo, a escalação principal do Ceub, em 1975

Campanhas

O Ceub terminou o Nacional de 1973 em 33º lugar, entre 40 times. Registrou oito vitórias, seis empates e 14 derrotas. Na temporada seguinte 1974, o Ceub ficou em 37º lugar entre 40 times, com três vitórias, seis empates e dez derrotas. Uma dessas derrotas foi para o Santos, por 3×1, sendo que um dos gols do time da Vila Belmiro foi marcado por Pelé. A terceira participação do Ceub em Campeonatos da CBF foi em 1975, quando obteve a melhor colocação, 32º lugar entre 42 times, registrando quatro vitórias, seis empates e seis derrotas. No último jogo em Campeonatos Nacionais, o Ceub perdeu para o Náutico, em Recife, por 3×0, em 8 de novembro de 1975.

No ano seguinte, o Ceub declinou. No Campeonato Brasiliense de1976, o time universitário ganhou os do is primeiros turnos e liderava o terceiro e último quando a Federação Metropolitana de Futebol virou a mesa, conforme relato de Gustavo Mariani.

O fim

Nessa mudança do regulamento, a Federação incluiu um quadrangular final para apontar o campeão, método que não estava previsto na norma original. A medida irritou os dirigentes do Ceub, que não aceitaram se submeter a mudanças de regras no final da competição. Irritado com a posição do clube brasiliense, o então presidente da CBD (hoje CBF), determinou que o Distrito Federal não teria representante no Campeonato Brasileiro daquele ano, sendo que o campeonato local sequer chegou ao seu final.

Com essa manobra, o Ceub saiu de campo e teve fim melancólico, porém entrando para a história do futebol local e brasileiro, pois ainda hoje é lembrado como “o clube de Brasília”. Seu único título de importância foi a conquista do Campeonato Metropolitano de 1973.