Por José Cruz
“Há coisas que só acontecem ao Botafogo”. Por exemplo, conquistar dois títulos na temporada – Libertadores e Brasileirão – em apenas oito dias.
Que tal? Só outros dois times conquistaram essas duas taças: o Santos, em 1962 e em 1963; e o Flamengo, em 2019. O Santos foi além e se tornou bicampeão mundial de clubes.
Agora, essa dupla conquista do Botafogo vem com juros valorizados em resposta à perda do título do ano passado. Depois de abrir 13 pontos na liderança, sobre o segundo colocado, o Botafogo permitiu que o Palmeiras se aproximasse e conquistasse o Brasileirão de 2023.
Daquela vez, o torcedor adversário não perdoou e recuperou a tradicional frase: “Há coisas que só acontecem com o Botafogo”. Em outras palavras, morrer na praia…
Essa frase de dupla ironia saiu da cabeça do jornalista botafoguense, Paulo Mendes Campos (1922 – 1991), quando era repórter da revista Manchete, onde assinava coluna semanal.
Na verdade, a frase completa é “Há coisas que só acontecem ao Botafogo e a mim”, como está na crônica que Paulo Mendes Campos escreveu, em 25 de agosto de 1962 (“O Botafogo e eu”), relatando coincidências e iniciativas malsucedidas dele e do seu time da estrela solitária.
O tempo passou e a frase ficou como que a punir a torcida pelos fracassos do histórico time carioca.
E agora? Não é irônico usar essa frase para também festejar feitos nunca alcançados? Parabéns, Botafoguenses, parabéns. Que vitórias, no mérito! Que conquistas, no jogo limpo e bonito de se ver. Na Libertadores, em campo com apenas dez jogadores! Ontem, nova vitória, dessa vez sobre o São Paulo, 2×1, no estádio Nilton Santos, justa homenagem do time de hoje ao grande bicampeão de todos os tempos.