Por José Cruz
Em 2012, quando Brasília completou 52 anos, a literatura foi contemplada com um valioso documento sobre o surgimento e o desenvolvimento do esporte na Capital da República.
“Ponto de Partida – Esportes”, foi o último livro da série lançada pela empresa Vale sobre os primeiros tempos da Cidade, hoje com 64 anos.
Num projeto de grande importância, essa empresa mineradora contribui sobremaneira para a recuperação de dados de cinco décadas da história de Brasília, nos segmentos de arquitetura, artesanato, artes cênicas, artes visuais, cinema, fotografia, literatura, manifestações populares.
Para os pesquisadores, professores, estudantes, para os que se interessam pelas origens de Brasília, enfim, a coleção é de valor enorme, pois os temas foram escritos com base em documentos e depoimentos oficiais, principalmente.
Craques do jornalismo
A publicação que aqui abordados ganha em qualidade porque foi pesquisada e escrita por duas feras do jornalismo – esportivo, principalmente: Luiz Roberto Magalhães e Paulo Rossi, ambos com passagem por longos anos na editoria de Esportes do Correio Braziliense; Luiz Roberto como repórter e Rossi, editor.
O livro que mergulhou nas origens e desenvolvimento do esporte em Brasília, fartamente ilustrado com fotos históricas, abrange cinco modalidades: futebol, automobilismo, vôlei, basquete, vela, judô e atletismo, todas com atletas que registraram feitos históricos no cenário nacional e internacional.
“O leitor perceberá que apenas sete esportes estão contemplados. Num universo tão grande, apontamos os holofotes para os celeiros dos maiores campeões que a cidade já produziu”, escreveram os jornalistas-autores. E concluíram: “Todos com carreiras que extrapolaram os limites nacionais e foram (ou ainda são) celebradas ao redor do planeta”
Expoentes
Nelson Piquet, nascido no Rio de
Janeiro, mas “forjado em Brasília”, que
se consagrou como tricampeão
mundial de Fórmula 1, e Oscar
Schmidt, o “Mão Santa” (foto), jogador
de basquete que se transformou no
maior cestinha da história dos Jogos
Olímpicos.
Destaques no livro merecem leitura atenta e saudosa, como o feito de Joaquim Cruz, legítimo filho do Cerrado, o “Magrelo de Taguatinga”, como era conhecido, que chegou ao pódio de ouro olímpico nos Jogos de Los Angeles, 1984.
No atletismo, destacam-se ainda vários personagens, como Marilson Gomes dos Santos, maratonista da Ceilândia que ganhou o mundo ao conquistar o bicampeonato na histórica e prestigiada Maratona de Nova Iorque.
Novos personagens
Se atualizada, a presente publicação incluiria, com certeza, o recente feito de outro brasiliense, Caio Bonfim com a medalha de prata que ganhou nos Jogos Olímpicos de Paris, 2024.
Pioneiro
Esses feitos no atletismo têm um ponto de partida, o professor João de Oliveira (1928-2010) que, mais tarde, ganharia o reforço do estudioso professor Mário Cantarino e, mais recentemente, de João Sena, pai de Caio Bonfim, que construiu em Sobradinho-DF uma legítima escola nacional de campeões na marcha atlética.
O pioneiro João de Oliveira (foto), especialista nos 400m, era natural de Sergipe, mas foi criado no Rio de Janeiro, transferindo-se em 1965 para Brasília onde, já formado em Educação Física, foi professor da Escola Dom Bosco e implantou as origens do atletismo candango.
Pois, as informações sobre João de Oliveira foram recuperadas pelos jornalistas e autores do livro de uma entrevista ao Correio Braziliense, em 2006. João foi contemporâneo de competições do grande campeão olímpico e mundial Adhemar Ferreira da Silva.
Medalha olímpica
Coube à judoca brasiliense, de Ceilândia, ketleyn Quadros se tornar a primeira brasileira a conquistar uma medalha olímpica numa competição individual, bronze, nos Jogos de Pequim, em 2008, categoria meio-médio.
Futebol
Nos tempos do Rabelo e do Defelê, times de futebol vinculados a empresas construtoras de Brasilia, vêm mais histórias maravilhosas contadas por Luiz Roberto e Paulo Rossi. Até chegarem aos tempos atuais, quando o zagueiro filho de Planaltina, Lúcio retorna a Brasília com a medalha de campeão mundial de futebol, o pentacampeonato, conquistado em 2002.
Mereceu registro no livro Ponto de Partida a passagem por Brasília do grande ponta-direita Mané Garrincha, tristemente já na reta final de vida. Na foto, que ilustra a reportagem de Luiz Roberto e Paulo Rossi, Garrincha conversa com o então governador Aimé Lamaison.
Patrimônio
Enfim, fica aqui a sugestões para os que apreciam histórias da nossa Brasília: leiam esse livro, disponível na Biblioteca da Aruc.
Aos promotores dessa iniciativa ficam os nossos parabéns pela contribuição à história de nossa Capital. E, aqui, destacamos parte de suas mensagens na publicação em referência:
“Valorizamos a história, o patrimônio e a arte. A coleção Arte em Brasília – Cinco décadas de cultura, revela um rico patrimônio da memória cultural da capital brasileira vista sob os ângulos da atualidade e de diversos autores convidados. Traz ainda o concreto em sua dimensão de recuperação e prospecção, e a arte brasileira em um dos momentos mais marcantes da história”
“O conjunto de livros tem autores identificados com as questões desta Brsília, a cidade em ada campo histórico e cultural abordado. Partimos de um sentimento de vínculo afetivo, da constatação de que Brasília pede de npos mesmos a sua revelação, sua memória ampliada e descoberta, as linhas os lances, os movimentos que tornam a cidade pulsante, própria em sua realidade, contraditória e complexa”.