Por Hélio Tremendani
Boas lembranças ganham mais vida com boas imagens. É isso o que tenho nos meus arquivos e coloco aqui na rede social como contribuição à história do esporte e da arte brasiliense.
Essas fotos misturam duas paixões, futebol e arte.
Futebol de meu irmão, Melão, que vi jogar, e arte de Orlando Brito, o fotógrafo que nos deixou muito cedo (1950-2022) e nos privou de sua amizade e criatividade. O detalhe é que as duas fotos de Melão, mais abaixo são de Orlando Brito, de quem tive o prazer de ser amigo e guardar essas recordações, inclusive essa que publico, com ele e sua poderosa máquina que registrou fenomenais momentos da histórias de Brasília.
Meu irmão Melão
Já contei que acompanhei a carreira de jogador de meu irmão, Moacyr Tremendani, o Melão. Pois ele, foi duplamente beneficiado: conversou com Pelé, em campo, numa foto de Orlando Brito. É uma imagem que nos remete a dois craques, um da bola, outro das lentes.
Foi num jogo em 1967, quando o Santos nos visitou e aplicou 5 x 1 contra a Seleção de Brasília. Pelé marcou dois. Eu estava lá. Era o tempo do famoso time da Vila Belmiro, Dorval, Mengálvio Coutinho, Pelé e Pepe. Com esse ataque o Santos sagrou-se bicampeão mundial.
Pepe contou em recente entrevista que poderia ter vencido mais campeonatos mundiais. Porém, naquela época, os mundiais não tinham patrocínios nem a valorização das imagens de TV, de agora. Logo, os dirigentes preferiam mais jogos amistosos, onde faturavam boa grana para pagar a folha salarial de um time que só tinha estrelas.
As lentes de Brito
Mas, voltando à nossa realidade: na época, eu estava com 14 anos. Quando ia jogar, Melão me levava junto. Mas tinha uma condição, que eu ficasse próximo das cabines de transmissão de rádio ouvindo a narração e comentários dos cronistas. Depois, em casa, eu tinha que contar para Melão o que eles disseram sobre a sua atuação. Em especial, se continuavam comparando o estilo de jogo dele ao do zagueiro Pavão, que atuou no Flamengo e no Santos.
Agora, um detalhe que me emociona: as cabines no pavilhão, ao fundo, são as mesmas onde eu ficava próximo, atento às narrações, conforme Melão me orientava. Essa foto ganha valor inestimável, porque foi feita pelo amigo Orlando Brito.
Quando morávamos no Rio, Melão chegou a treinar no Fluminense. Teria sido profissional, acredito, mas logo veio a transferência de meu pai para Brasília e aí os rumos foram outros.
Aqui, Melão jogou na A.E. Cruzeiro do Sul, em 1963 e por esse time sagrou-se campeão do Distrito Federal. No ano seguinte, foi para o time do Rabello, onde também ganhou campeonatos locais e participou de todas as Seleções convocadas, enquanto jogou.
Um dia, ainda vou sentar ao lado dele e pedir pra abrir o seu baú “daqueles tempos”. Melão tem muita história pra contar. Com certeza.