21 de novembro de 2024

Carioca, “O time dos Sonhos”

Por Hélio Tremendani

Equipe que marcou época no final dos anos 1970, o Carioca foi assim batizado porque o seu criador, Carlos Mascarenhas, jogava em um time no Rio de Janeiro com o mesmo nome. Ele veio morar em Brasília e criou uma espécie de “filial” da equipe da Cidade Maravilhosa, que entrou para a memória do nosso esporte.

Seleção

O craque Axel

O Carioca era ousado. Em 1976, o time participou do Torneio Aberto da Aruc com jogadores que disputavam os campeonatos federados pelas principais agremiações da cidade, tais como o Minas Tênis, o Iate Clube, o Motonáutica, o Unidade Vizinhança, Ascade e outros.

Ou seja, o time recebia os melhores atletas e formava uma verdadeira seleção e assim foi, durante quatro anos, com craques como Valtinho, Axel, Guairacá, Arnaldo Gomes, Hugo, Pantera, Zequinha e outros, sob o comando do grande desportista Carlos Mascarenhas. Resultado dessa ideia: logo no primeiro ano o time sagrou-se campeão do Torneio da Aruc, sendo que o técnico Carlos Macarenhas tinha à disposição os jogadores que estão nessas fotos:

Em pé, da esquerda para a direita: Zequinha, Axel, Taso, Gilson, Pantera, Orlando e o treinador  Carlos Mascarenhas: Agachados: Milton, Hugo, Almeidinha e Zé
Arnaldo Gomes, que, aposentado das quadras,  se tornou gestor da Federação de Tênis do DF

Bicampeão

A partir daí, começou uma trajetória vitoriosa, sendo a grande atração do então futebol de salão, em Brasília, sempre levando um grande público à quadra da Aruc. O Torneio do tradicional clube do Cruzeiro reunia equipes de todo o Distrito Federal.

Em 1977, o Carioca ganhou o reforço de Arnaldo Gomes (foto à direita) e Guairacá, craques reconhecidos nacionalmente no futsal federado e universitário.

A arquibancada da Aruc era pequena para o público que comparecia aos jogos do Carioca, principalmente, não só pelo nível técnico apresentado pela equipe, como pela simpatia dos atletas, que sempre interagiam com os torcedores. E foi assim que o Carioca sagrou-se bicampeão da competição, na temporada de 1977. (foto )

A equipe bicampeã, em pé, da esquerda para a direita: Herman, Saul, Walmir, Taso, Arnaldo Gomes e Carlos Mascarenhas; Agachados: Axel, Guairacá, Gugu e  Luciano  (foto de Chagas Boró; fonte: Instituto Aruc).

Quarto lugar   

No terceiro ano do Torneio, em 1978, o Carioca não foi bem, ficando em quarto lugar. O campeão foi o Correio Braziliense, que derrotou o Panathinaikos, de Sobradinho, por 3×2.

No ano seguinte, em 1979, o Carioca voltou a conquistar o título vencendo o Bradisa por 4×2, numa final amplamente divulgada pela imprensa, tal era o interesse dos torcedores pela competição e, também, pela qualidade técnica dos jogos.

Fim de jogo

Além do torneio aberto da Aruc, o Carioca sagrou-se tricampeão do Torneio da Primavera da Aruc, em 1979, quando encerrou as suas apresentações.

Os compromissos de Carlos Mascarenhas – que lamentavelmente já nos deixou – eram grandes e não havia mais tempo para ele se dedicar ao Carioca, tomando a decisão  extrema de deixar aquele time apenas nas boas lembranças que, parte delas, aqui recuperamos.

Em pé, da esquerda para a direita: Carlos Mascarenhas, Cavalcanti, Axel, Hugo, Valtinho e Carioca; agachados: Dirceu, Daniel, Guairacá e Carlinhos

 Legado

Vale ressaltar que o Torneio da Aruc revelou atletas e incentivou o surgimento de equipes para o futsal de Brasília, principalmente nas cidades satélites.

Nesse contexto, o Carioca era a marca do sucesso dos eventos. E atletas dos demais times queriam ter o prazer de atuar contra verdadeiros craques, que vale repetir: Valtinho, Axel, Guairacá, Arnaldo Gomes, Hugo, Pantera, Zequinha e tantos outros que surgiram no futsal da nossa Capital.

Não é demais lembrar que isso foi possível pela iniciativa do grande desportista Carlos Mascarenhas, sem dúvida grande incentivador do desenvolvimento do futsal na nossa cidade.

Memória

Hoje, a cada baú, gaveta ou armário que se abra surge uma lembrança “daqueles tempos”, que são preciosas informações para a reconstrução da história do desenvolvimento do esporte em Brasília.

O time do Carioca jogava com camisa listrada de azul e branco. Mas, por vezes, se apresentava com verde e branco. “Naqueles tempos, era difícil uma impressão de camisas como se queria”, recorda Arnaldo Gomes, que ainda guarda o uniforme que usou no tricampeonato do Carioca.

Bons tempos… bons tempos. Que venham outras lembranças para divulgarmos aqui, neste espaço criado justamente para recuperar Memória da Cultura e do Esporte em Brasília.

AS ESTRELAS DOS ESPETÁCULO

Depoimentos de craques que integraram a equipe Carioca

 LUCIANO GOMES

 “O Carioca era um time de um velho amigo que já nos deixou, Carlos Soares. O nosso time era muito bom tecnicamente e todos tínhamos uma amizade fraterna o que facilitava muito. Para quem jogou no Carioca foram momentos incríveis”.

 

 

ARNALDO GOMES

“O Carioca era um time de pelada, mas organizado na gestão e, em quadra, jogava muito. Era o melhor time de Brasília, quase uma Seleção da cidade. No início, eu jogava sempre, mas, como trabalhava, faltei a muitos jogos. Sem dúvida, foi um belo grupo que deixou saudades”.

 

 

HUGO BALZANI

“Conquistei seis títulos de campeão jogando pelo Carioca, que era uma verdadeira Seleção de Futsal. Tinha jogadores do nível de Axel, Guaracá, Waltinho, Pantera, Carlinhos, Ceceu e Valmir, além do entusiasta pelo esporte, Carlos Soares, que foi uma grande pessoa. Lembro que quando jogávamos a quadra estava sempre lotada de torcedores”