21 de novembro de 2024
Este foi o time da FAUNB que migrou para o Minas Tênis Clube e completou a série de conquistas de 10 Campeonatos da cidade

UM CRAQUE INESQUECÍVEL

Por Hélio Tremendani e José Cruz

 A entrevista com Axel van der Broocke – um inesquecível craque das quadras – transformou-se em depoimento valioso. Daqueles que ficam como uma aula de vida.

Lembranças do tempo bem vivido lá no início de Brasília e dos jogos de futebol de salão que contrastaram com a rotina acadêmica e o testemunho da truculenta invasão de tropas militares ao campus da Universidade de Brasília, no tempo da ditadura.

 Axel estava naquele triste episódio de agosto de 1968 e até sofreu na pele com as atrocidades:

“Foi horrível”!

Em três horas de conversa, Axel mergulhou no tempo em que, como atleta, se consagrou no futebol de salão de Brasília (Foto: José Cruz)

O melhor

Carioca, do bairro Braz de Pina, onde nasceu em 1946, Axel está há 62 anos em Brasília. Os seus contemporâneos afirmam que ele foi, sem dúvida, o melhor jogador de futebol de salão na primeira década de Brasília. Depois, foi desacelerando…

Os testemunhos sobre Axel foram confirmados em abril de 2024, numa solenidade da direção do Clube dos Servidores do Senado Federal, para homenagear os seus craques do passado. Ele levantou a plateia de amigos e parceiros de quadra quando chegou ao salão de festas. Foram aplausos e abraços apertados de quem há muito não se via.

Axel, de camisa vermelha, com a “velha guarda” de craques da Gráfica do Senado Federal

“Axel foi o melhor de todos”, disse o experiente jornalista esportivo Luís Augusto Mendonça, que durante muitos anos cobriu esse segmento Brasília.

 O início

A iniciação de Axel no futebol, ainda no Rio de Janeiro, foi com bola de meia ou com uma, de borracha, que se enchia com a boca. Jogava na quadra do Bonsucesso F.C e tinha um amigo extraordinário, que latia quando a sua mãe, Ivanosca, estava chegando para tirá-lo do jogo. “Era um vira-latas. Latindo, ele me avisava quando mamãe vinha me buscar”…

Jogar bola de forma profissional naqueles tempos era como tentar ser músico ou cantor: não eram profissões de “gente decente”… Mas, era o que Axel gostava de fazer, jogar bola e tocar surdo, no compasso dos sambas cariocas e das músicas das escolas carnavalescas.

Porém, obediente aos pais, foi estudar, mas sem se afastar dos amigos peladeiros e dos grupos de sambistas de sua região, grupos que integrava só por lazer, mas com grande satisfação.

Lembranças de família

“Eu tinha 11 anos, quando o meu pai, Hiel, se formou em Medicina. A missa, na Igreja da Candelária, foi emocionante. Ele trabalhava na Panair e estudava na Universidade Federal”.

Antes de se formar em Medicina, Hiel, filho de pais holandeses, foi radiotelegrafista – transmissão de mensagens por sinais sonoros – da Panair do Brasil, uma prestigiada e charmosa empresa de aviação, à época.

Era agosto de 1942 quando o Brasil teve navios mercantes torpedeados pela frota da Alemanha nazista, o então presidente Getúlio Vargas decidiu entrar na II Guerra Mundial.

Hiel, por ser radiotelegrafista, foi convocado pela Aeronáutica para atuar na Base Aérea de Natal. Naquela capital, ele conheceu Ivanosca, “uma bela nordestina”, pela qual se encantou. Foi tipo amor à primeira vista. A relação entre os dois prosperou até o casamento e dessa união nasceu Axel, em 24 de dezembro de 1946, o nosso personagem de agora.

 Primeiros anos

Desde criança, Axel era do tipo “esquentado” e, por isso, entrou em muitas confusões mesmo nos jogos entre peladeiros.

O estilo briguento ele acredita ter herdado um pouco do avô materno, Pedro Paulo Martins. Nordestino, ele integrava as “Volantes” que combatiam os grupos de Lampião (1898 – 1938), o temido rei do cangaço.

Volantes eram pequenos grupos de soldados, formados pelo governo que enfrentavam os cangaceiros, nordestinos que se revoltavam contra o governo para combater as injustiças sociais da época.

 Esse espírito “lutador”, principalmente no esporte, Axel manteve quando veio para Brasília e foi morar onde atualmente fica o Blogo G da SQN 404. Estudou em ótimos colégios, como o Elefante Branco e o CIEM, que tinha o melhor corpo docente da cidade.

“Foi no CIEM que conheci uma garota linda, Marli. Ela tinha 12 anos. Pouco tempo depois, começamos a namorar, o tempo passou e nos casamos. Estamos juntos há mais de 60 anos”.

 A Universidade

Encerrados os estudos colegiais, Axel mantinha o sonho de ser jogador de futebol, mas os seus pais continuavam rejeitando a ideia. Nem queriam entrar nessa conversa. Assim, ele voltou a investir nos estudos, dessa vez na Universidade de Brasília. Mas, claro, seguiu jogando futebol de salão e, vez por outra, futebol de campo.

“Jogava no campo, sim, mas não com a mesma frequência que na quadra. Minha preferência era o futebol de salão, mais corrido, toques rápidos”

Certo é que nas duas frentes – estudos e esporte – Axel teve sucesso. Do futebol de salão guarda lembranças, medalhas, troféus e muitas fotos e recortes de jornais contando sobre a sua carreira.

Por gostar de rádio, televisão e publicidade, Axel formou-se em Comunicação, mas acabou indo trabalhar na Secretaria da Fazenda do Distrito Federal, aonde chegou aprovado em concurso público.

A invasão

Dos tempos universitários, além do diploma, ficou uma lembrança muito triste sobre a truculenta invasão da Polícia do Exército ao Campus da UnB, em repressão aos movimentos estudantis resistentes à ditadura militar.

Naquele 29 de agosto de 1968, dia de intenso calor e seca em Brasília, Axel estava em aula quando a tropa, fortemente armada, invadiu a Universidade.

Acervo pessoal

“Foram horas de muita tensão. Eu estava na sala de um dos prédios quando ouvi tiros e gritaria. Saí com outros colegas e vi aquela agressão desigual e brutal. Naquele momento, ainda vi um colega, Honestino Guimarães, que estudava Geologia, sendo levado para uma caminhonete Veraneio. Ensanguentado, ele era arrastado por policiais, parecia já sem sentidos. Foi jogado para dentro do carro que saiu em disparada e desapareceu. Nunca mais vi Honestino”

Honestino era um líder estudantil que presidiu a Federação dos Estudantes da UnB. 

Ele foi preso quatro vezes, sendo que, da última, em 1973, nunca mais retornou.

Segundo os jornais da época, os alunos tentavam se defender com pedradas, mas a luta era muito desigual. A certa altura, o Campus estava cercado e os alunos dominados, sob controle da Polícia do Exército, que usou gás lacrimogênio e aplicava choques com um bastão, também em professores, funcionários e até deputados federais que para lá ocorreram, na tentativa de evitar tragédia maior. Alguns parlamentares acabaram também espancados pelos policiais.

O choque

Axel usava o seu corpo avantajado de atleta com 1,86m de altura para se defender. Mas, em certo momento, um PM o atingiu com um bastão de choque e um tapa nas orelhas, que o derrubou. Mesmo assim, foi possível ver a cara do agressor, apesar da viseira que usava como proteção. E essa foi a cena marcante.

Em casa, Axel contou ao pai, Hiel, que o seu agressor fora um capitão, vizinho, morador do mesmo bloco. Ironicamente, os filhos do capitão eram clientes do Dr. Hiel, pediatra.

No dia seguinte, a conversa foi inevitável, pois o tal capitão conhecia Axel. Interpelado, ele disse a Hiel que agira daquela forma “simplesmente estava cumprindo com o meu dever”, atacar Axel.

A resposta de Dr. Hiel foi à altura do ocorrido, em respeito  da profissão que exercia:

Quando eu me formei, prestei juramento (de Hipócrates) de que exerceria a profissão de Médico com consciência, dignidade e a serviço da humanidade. Agora, diante do ocorrido, em fidelidade ao meu filho, também cumprirei com o meu dever e não atenderei mais os seus filhos”.

 Vida que segue

Axel casou-se com Marli em 1970. “Minha mulher, ainda hoje”, orgulha-se, 54 anos depois. E o casal continua morando no mesmo apartamento, na 408 Sul, desde o início dessa união. E, como em solteiro, manteve o hábito de jogar futebol de salão, com os amigos e em times que disputavam competições, onde o pódio foi uma rotina.

No futebol de salão, Axel jogava como “beque parado”, agora conhecido como “beque fixo”. Era treinado pelo professor de Educação Física, Kleber Soares do Amaral. Futebol de campo ele jogava só por prazer, sem disputar grandes competições.

“Comecei no Fluminensezinho, joguei com um tal de Zeca e com o Julinho Cachaça. Eram uns caras interessantes. Um dia fui tentar jogar em clubes de futebol bem estruturados e cheguei no Pederneiras, na Vila Planalto.

Naquela época, a Vila Planalto, onde ficavam as residências dos candangos, era uma espécie de centro nervoso do futebol. Ali se concentravam os principais “campos” e times de peladeiros com disputas de campeonatos bem-organizados.

Teste

Num fim de semana, Axel pegou o rumo da Vila Planalto, caminhada longa da 404 Norte, onde morava, até aquela região, atrás do Palácio governamental. Foi participar de um teste no clube Pederneiras, um dos destaques do campeonato local à época.

“Tinha muita gente buscando uma vaga. Era tipo uma peneira e nesse dia não me saí bem e fui dispensado. Mas, na volta pra casa, dois caras me chamaram e me disseram algumas palavras de consolo, pois sabiam que eu jogava bem. E me convidaram para voltar na semana seguinte para novo teste, dessa vez no Defelê, outro time de destaque da Vila Planalto”.

Os tais “caras” eram Nilinho e Alonso Capela, os melhores meio-campo de Brasília, que jogavam no Defelê, já na categoria Adulta. Axel, ao contrário, buscava vaga nos juvenis e, dessa vez, convenceu que era bom de bola. Acabou contratado e no final daquela temporada festejou a conquista do título juvenil da cidade no futebol de campo.

“Depois, fui jogar no Rabello” – outro time de destaque na cidade, com vários títulos conquistados – lembra Axel.

Depoimento

O carioca Hélio Tremendani, que participou desta entrevista, convivia com o esporte naquela mesma época de Axel, confirma o que dizem desse personagem:

“Eu recebia ligações de gente querendo saber que horas seria tal jogo, só para ir ver o Axel.  O cara jogava muito, pensava rápido e era muito bom no toque de bola. Axel atraía gente para a quadra, sem dúvida”

Axel ouviu o depoimento de Hélio e, depois, se manifestou:

“Eu gostava muito do futebol de salão, a minha prioridade no esporte. Depois vinha o futebol de campo, mas só como diversão. Se tivesse uma final de Campeonato Brasiliense no Mané Garrincha, eu abriria mão. Com certeza, naquele horário você me veria numa quadra de futebol de salão”.

Memórias

As trocas de lembranças entre Axel e Hélio continuaram durante a entrevista.

“Axel jogou no time da FAUNB (Federação Acadêmica Universitária de Brasília) que foi o melhor que já teve, armado pelo professor Cleber Soares do Amaral, um dos introdutores do futebol de salão em Brasília. Era um timaço. A base era Waltinho, Axel e Arnaldo; Otávio, e Guairacá. Depois, saiu o Arnaldo e entrou o Valmir. Um timaço”!

Com esse elenco a UnB sagrou-se vice-campeã brasileira universitária, em Salvador. Perdeu a final para a Seleção Gaúcha, 4×3. “Ficamos sem o Arnaldo, que teve um estiramento. Ele jogava muito”.

EM PÉ: Zezé, Waltinho. Axel, Arnaldo, Zé Filho, Bira e Luis Roberto. AGACHADOS: Gugu, Nelsinho, Mário Bocão, Otávio e Madeira.

JUBs

Os Jogos Universitários Brasileiro (JUBs) de 1970 foram em Brasília e o futebol de salão foi no Ginásio do Caseb.

“Os jogos começavam às 18h, mas a torcida fazia fila a partir do meio-dia para entrar no ginásio, que era pequeno. Quem não conseguia entrar ficava do lado de fora só para sentir a vibração da torcida lá dentro. E o time que estava jogando era esse timaço da UnB, que representava Brasília. Mas, perdemos a final para São Paulo, 0x1, na prorrogação”, recorda Hélio.

Arbitragem

Hélio atuou como árbitro e desse tempo também tem boas lembranças.

“Um dia, num jogo contra o Correio Braziliense, que também tinha um timaço, Axel pegou um passe de Waltinho e enfiou para o Guairacá, no outro lado da quadra. O goleiro saiu, mas tomou um toque por cima, de Guairacá. Mas tudo começou com o passe de Axel, perfeito. A arquibancada levantou vibrando! Ele fazia o que queria com a bola, que não era leve, como as de hoje, mas bem mais pesada”.

No dia seguinte a esse jogo todo mundo falava naquela jogada, até porque do Guairacá também era um gênio. “Foi tudo muito emocionante”, conclui Hélio.

“Ouvir esse cara (Hélio) falar sobre aquela jogada me emociona. Era uma coisa difícil de fazer, porque o espaço era muito curto para as jogadas”, respondeu Axel.

Preconceitos

Nessas lembranças, Axel lembra que Samuel foi o melhor árbitro que viu apitar. Mas, segundo o entrevistado, havia algum preconceito contra a ARUC, uma agremiação que “carregava torcida”. Levava até dois ônibus cheios para o ginásio do Minas Tênis em dia de jogos.

“Mas eu intimidava alguns árbitros. Certa vez até incentivei a violência e o Paulo Mostardeiro e o Paulo Quintela chutaram um árbitro. Errei. Esse meu comportamento foi o de um cara babaca…”, arrepende-se Axel.

 Viagens e aprendizado

“Viajávamos muito e se aprendia também vendo bons times de outras regiões. Depois tivemos um novo jogador, Cléber, que era muito inteligente. Ele fazia o time girar, rodava o time com os jogadores trocando de posição. Isso abria espaços e atrapalhava a marcação adversária”, contou Axel.

Depois da FAUNB, Axel foi jogar no Minas Tênis Clube e aí completou a série de dez campeonatos da cidade conquistados na modalidade.

Nova geração

Com o passar do tempo, uma nova geração foi surgindo. Maurinho, por exemplo, que nasceu em Brasília, chegou à Seleção Brasileira.

“Joguei contra Maurinho, na AABB. Foi o maior fixo que vi jogar. Ele e o tal de Jackson. Jogavam muito. Era a nova geração que começou a nos suceder”.

Aos poucos, Axel foi desacelerando da prática esportiva. Hoje, reconhece:

“Nunca se desacelera na cabeça, isso ficou, até hoje. Mas desacelera nas pernas”…

A conversa continua, já em tom de nostalgia, mas sempre com o pensamento voltado para a vida bem vivida, porque novos tempos viriam.

Foi maravilhoso

E como foi parar depois de todo esse desempenho? Axel respira longo e explica, pausadamente:

“Meu corpo foi cedendo. Minha vontade de se divertir com o jogo de bola foi reduzindo… a capacidade de chutar não era mais a mesma… vai doendo o corpo, lembrava de um chopinho depois do jogo, o samba, eu fumava quatro maços de cigarros por dia… tudo contribuía para desacelerar do futebol de salão.  Mas, quando estou com o Luciano, com o Waltinho, com os amigos que jogaram comigo, falando em lembranças, como agora, isso pra mim significa estar jogando de novo. Muito bom isso. Foi tudo muito bom, foi tudo maravilhoso!”

 Elogio

Não tenho dúvidas: os melhores momentos da minha vida no esporte, onde eu mais me diverti foi na ARUC. Eu chegava lá às nove horas da manhã e saía à meia noite. Jogava, vinha o samba, eu tocava um surdinho, tomava um chope e mais samba… foi tudo muito bom”

 Verde-Rosa

“Sou mangueirense. Até poderia ser Portela, porque gosto muito dos sambas que fazem lá. Gosto do Paulo César Pinheiro, que foi casado com Clara Nunes, do Paulinho da Viola… Só gente boa”

 Família

“Eu e Marli tivemos três filhos: Catherine que perdemos logo aos seis meses, uma tristeza que não se explica. Era gêmea com Hiel. Depois, veio a Érica, que nos deu uma neta, Priscila, já formada em Direito e que nos deu o primeiro bisneto, Benício. Família é algo maravilhoso”

Minha Mãe

“Quando falo em família, eu não posso deixar de falar sobre a minha mãe, Ivanosca, uma nordestina analfabeta, mas com uma história sem igual. Quando se casou com o meu pai, eles foram para o Rio de Janeiro. Meu pai precisava estudar e minha mãe cuidava das questões da casa, mas sem saber ler. Para ela ir à Praça Tiradentes, por exemplo, meu pai dava a cor do ônibus e colocava num papel os números dele para facilitar. Ela foi, uma, duas, três vezes, tudo direitinho. Um dia, ela observou as pessoas comprando algo numa carrocinha, tirando o papel e comendo aquilo que para ela era muito estranho. Decidiu levar aquela coisa estranha para o marido. Comprou e colocou na bolsa. Mas, surpresa! era um picolé e, ao chegar em casa, veio a decepção. O picolé, derreteu no calor da bolsa. Ela se sentiu enganada, pois só ficou o palito. Meu pai começou a alfabetizá-la e ela cresceu no aprendizado. De tal forma que chegou a ser atachê (agente diplomática) do embaixador do Brasil na ONU, Dario Moreira de Castro Alves. Quando minha mãe morreu, ela falava quatro idiomas. Tenho muito orgulho desses exemplos de meus pais”.

 Bons técnicos

 Tive bons técnicos e boas brigas. Em 1965, a FAUNB disputaria a final do Campeonato Brasileiro Universitário, em Niterói, contra a Seleção Gaúcha. Cleber Soares era o técnico. Na preleção, ele indagou se alguém tinha perguntas a fazer. Levantei o braço e ele ouviu minhas sugestões. Depois, ele seguiu falando. Voltei a levantar o braço e falei: “O senhor pediu opinião, eu dei e quero uma resposta”. Sabe o que ele fez? Me tirou do jogo, nem comecei. Mas, o senhor tem que me responder, insisti. Ele não gostou e respondeu: `Você está desligado´. A surpresa foi a adesão de Walter Flores, meu colega de time, que se solidarizou e também saiu, veio embora comigo e até me pagou a passagem de volta!” O resultado do jogo foi 1×0 para os gaúchos, que se sagraram campeões.

Humildade

Axel lembra que seus colegas diziam que ele devia ter mais humildade.

“Mas eu tinha humildade. Só queria respostas para as minhas indagações. Até reconheci que Cleber era um grande técnico. Era da safra de outros ótimos técnicos, como Pedro Rodrigues, João Oliveira, Ruthenio Aguiar e Luiz Alberto de Oliveira, que acabou treinando Joaquim Cruz, medalha de ouro nos 800 metros, nas Olimpíadas de Los Angeles, 1984. No Iate Clube, fomos campeões da cidade com ele dirigindo a equipe”.

Lição de vida

“Costumam dizer que a vida é nossa, cada um tem a sua. Não é bem assim. Na verdade, a gente tem protagonistas na história da nossa vida. A minha mulher, o meu filho, Guairacá, meu neto são protagonistas que ajudam a carregar a nossa carga. Tive momentos difíceis, mas, também, momentos maravilhosos graças aos protagonistas da minha história. Não posso ter dívida de gratidão para com eles, porque não se deve quando se ama. O amor não é uma promissória que deve ser paga. É o caso do Hélio (Hélio Tremendani), que está aqui ouvindo a minha história. Simples assim. Todos esses foram protagonistas, foram parceiros da minha história”.

Hélio Tremendani, testemunha em dois momentos na vida de Axel, quando foi craque reconhecido pelos colegas e, agora, entrevistando e ouvindo o seu exemplar depoimento