Filho de portugueses, nascido em Brasília, seguiu a orientação do pai, Alberto, e o incentivo da mãe, Ortelinda, e se tornou desportista e, mais tarde, fotógrafo e empresário.
Torcedor botafoguense, apesar de sua origem lusitana, desde a infância praticou todas as modalidades possíveis, principalmente o futebol, handebol e o basquete. Isso ainda nos tempos da jovem Brasília.
Resumidamente, é assim que apresentamos Campina, como se tornou conhecido o brasiliense Carlos Alberto da Silva Teixeira, que tem longa intimidade com o esporte local e nacional.
Mas, qual a origem desse apelido? Ocorre que o pai dele tinha uma empresa chamada Campineira, que comprava doces de uma fábrica com sede em Campinas, interior de São Paulo. Já garoto, ele foi ligado a esse comércio e o apelido pegou.
Hoje, aos 60 anos, Campina explica que não é mais atleta. Mas, além de não ter se afastado das quadras, manteve a agilidade e muita disposição para tocar os seus negócios. Alegre e disposto e muita estrada rodada, Campina contou a sua história.
Empresário da área de material médico-hospitalar e fotógrafo por hobby, Campina se orgulha da qualidade das imagens que coleciona, a maioria de várias modalidades esportivas, ótimas para flagrar movimentos do corpo e expressões faciais.
O começo
O vínculo de Campina com o esporte teve influência do pai que, em 1975, com o apoio de um amigo e conterrâneo, Manoel, fundou o time da Campineira, hoje o Sobradinho Esporte Clube, time que tem três títulos do Campeonato Brasiliense. E, para homenagear o seu clube do Coração, o Botafogo, colocou as cores branca e preta no uniforme do time.
O atleta
Desse vínculo com o esporte e incentivado pelo pai, Campina também jogou basquete, handebol e futsal em sua passagem pela escola. Depois, evoluiu para o futebol e até tentou se profissionalizar. Porém, problemas com o menisco atrapalharam os planos dele. Estava com 24 anos e já era casado com Nadja Teixeira, com quem teve dois filhos, Felipe e Nayanna.
“Com o problema no joelho decidi parar com a ideia de me profissionalizar e passei a jogar só por diversão”, explica hoje, consolado. “Não fui profissional por causa desse problema no joelho. Até tentei, pois fiz teste no Brasília, no Sobradinho e no Tiradentes, passei em todos. No Tiradentes cheguei a jogar, quando o time ainda não disputava a primeira divisão de Brasília”.
Nos esportes olímpicos, Campina passou pelo basquete, futsal e handebol. Nesse último sagrou-se campeão da cidade pela APCEF. Também jogou no time da UnB, quando chegou à Seleção de Brasília. Nesse tempo, já trabalhava e, aos poucos, foi parando com a prática esportiva.
A fotografia
O interesse pela fotografia não foi ao acaso. Começou na infância, quando observava o seu pai fotografando de forma amadora. A oportunidade surgiu mesmo quando Campina começou a acompanhar o filho, Felipe, hoje com 29 anos, nas competições de basquete. Paralelamente, fotografava eventos de fisiculturismo, judô, vôlei e futebol americano e os belos recantos de Brasília, claro, sua cidade natal.
“Gosto de fotografar o esporte, porque o retorno disso é a satisfação, o relaxamento, são horas de lazer. Às vezes fico até cinco horas fotografando uma competição”
Foto de Brasília
Na prática, Campina fez uma transação natural do que gostava de fazer: quando não foi mais possível continuar como atleta, aos poucos foi se dedicando à fotografia e, como no esporte, também com sucesso. Para isso, estudou muito, principalmente as regras das várias modalidades que fotografou.
“Conhecer as regras ajuda o fotógrafo a se posicionar melhor em quadra, para pegar o melhor ângulo, um detalhe diferente”
Motivação
O início dessa prática foi no basquete, onde seu filho se destacou, em Brasília. “Felipe jogou no Vizinhança, no Lance Livre e até chegou à Seleção de Brasília. Comecei a fotografá-lo e fui me interessando pela imagem dos esportes, em geral. O que eu publicava dos jogos agrava aos pais de outros atletas, aos dirigentes da federação. Falei para minha filha, Nayanna, sobre esse assunto e ela me incentivou a me matricular a faculdade de Fotografia, no IESB. Foram dois anos, aprendi muito e melhorei o que já fazia de forma amadora.
Felipe, por sua vez, foi para os Estados Unidos, onde continuou jogando basquete e se tornou campeão pela Immaculate High School. Na sequência, formou-se no curso de “Business internacional”, casou-se com uma americana e continua naquelas terras, atualmente trabalhando numa empresa de investimentos de valores.
Parapan-Americano de 2007
A prova de fogo do aprendizado acadêmico de fotografia foi nos Jogos Pan e Parapan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007.
“Cobrir os jogos dos atletas paralímpicos foi o que mais me emoção e satisfação na fotografia, até agora. Eu ainda não tinha o controle total das competições, as modalidades disputavam em estádios diferentes, era preciso me locomover com agilidade para chegar aos locais e isso foi uma experiência fantástica”, relembra Campina, com saudade daquela competição. E conclui: Tenho muita vontade de voltar cobrir um evento paralímpico. Com certeza, agora com a experiência de tantos anos na fotografia esportiva, vou tirar de letra”.
Equipamento
Plagiando um certo comercial, “a primeira máquina a gente nunca esquece” e a de Campina foi uma Canon 5D Mark II, que ele lembra emocionado:
“Na época, quando ainda se fotografava com filmes, a Canon 5D era um equipamento excepcional. Mas a evolução foi muito rápida e hoje temos uma tecnologia completamente diferente daquele tempo. A Nikon e a Canon são ótimas máquinas, mas em fotografia a Canon predomina. Tanto que em Copa do Mundo e Olimpíada é a máquina oficial do evento”, explica Campina.
Estúdio é a meta
Campina está feliz com o que faz, mas tem uma ambição, a de montar o seu estúdio fotográfico para trabalhos profissionais fora do esporte.
“Gosto da imagem, do retrato. Gosto de ver o resultado de um click, e o estúdio oferece alternativas para ver o resultado da fotografia”
Lamento
O que entristece Campina na sua rotina de fotógrafo é ver as suas imagens, em geral, e as do esporte, em particular, ganharem o mundo, via redes sociais sem o devido crédito.
Tornou-se fato comum essa prática, mas é errada, porque dar o crédito, o nome do autor, valoriza-se o trabalho de quem captou certa imagem, assim como se promove o artista e se evita que anônimos se tornem “donos” de algo que não lhes pertence.
Apoio amigo
Campina não esquece que nessa “escola” da fotografia que ele frequentou em boa parte desses seus 60 anos de vida, o Amigo Hélio, ex-presidente da ARUC, também ex-atleta e apaixonado por esportes em geral, foi muito importante.
“O Hélio me facilitou muito o aprendizado ao permitir que eu fotografasse treinos do handebol da ARUC e ensaios da Escola de Samba, com seus movimentos e cores bem propícios para boas imagens. No ano que vem, vou fotografar o Carnaval a cidade, o que ainda me falta na cobertura das imagens de Brasília”
Depoimento
Brasília tinha apenas três anos quando Campina nasceu.
“Eu faço parte da história de Brasília. Acompanhei o crescimento da minha cidade. Mas vou ser sincero, eu não tenho foto minha dos esportes que pratiquei. São imagens que me faltam. Por isso, me preocupei tanto com o meu filho, Felipe. Eu não queria faltassem para ele imagens de lembranças de seu tempo de atleta. Fiz de tudo para ter dele os melhores registros. Pra ser sincero, estou lembrando que tenho uma foto, sim, uma única que um amigo bateu, quando eu jogava handebol, mas foi feita no aquecimento…”
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