Com aulas diárias durante duas semanas, Levi, Flávio e Zé Antônio preparam uma nova geração de carnavalescos e incentivam que as escolas de samba locais tenham a sua própria produção, o que motiva uma farta oferta de mão de obra em 51 categorias profissionais e geração de uma valorizada economia na área da cultura e do lazer.
“Batuque é um privilégio,
Ninguém aprende samba no colégio…”
O tempo passou, o samba evoluiu, ganhou embalos e cores no Carnaval. Hoje,aprende-se muito nessa atividade que até já teve uma “Universidade do Carnaval”.
Mercado de trabalho
No embalo do samba, a indústria carnavalesca pede passagem
É para ensinar e difundir a cultura carnavalesca – apesar do recesso dos desfiles já durar 13 anos, em Brasília – que a ARUC recebe a “Oficina de Fantasias e Adereços”, com atividades diárias até o próximo sábado, 5 de julho. Tudo pensando na formação de novos carnavalescos e nos desfiles das escolas de samba no Carnaval de 2026, quando deverá retornar às ruas, quem sabe numa nova passarela, a Esplanada dos Ministérios, segundo Hélio Tremendani, da Aruc, em contato com as autoridades do governo de Brasília.
Aulas
De Taguatinga
“A oficina de fantasias e adereços está ótima. Sempre se conhece algo novo. Desta vez estou aprendendo a trabalhar com estruturas com arame”, afirmou Kátia (foto).
Mestres do Carnaval
Na Comissão de Frente das Oficinas estão três feras do carnaval carioca, Levi Cintra, Flávio Nogueira e José Antônio Rodrigues.
O trio, que integra a Comissão Julgadora dos desfiles na Marquês de Sapucaí, tem histórias e cultura carnavalesca de sobra. Eles são premiadosnos carnavais do Rio de Janeiro e nos de Vitória (ES), onde também participam como jurados. Levi, Flávio e José Antônio já estiveram aqui em 2010 e 2014 com o mesmo objetivo, ensinar e divulgar a arte carnavalesca.
Flávio garante que além do aprendizado, as oficinas são terapias para os alunos. E relata o caso de uma aluna que saiu estressada do trabalho e veio direto para a oficina. “Aqui, adereçando, ela relaxou”, garante ele. Carnavalescos profissionais, eles não falam sobre a escola de suas preferências. É da regra, pois como integrantes da Comissão Julgadora do Carnaval carioca, precisam ficar no anonimato desse quesito para evitar qualquer tipo de influência ou suspeita nos seus trabalhos de observadores isentos.
Reconhecimento
Foi nesse time de artistas que surgiu a ideia de valorização o trabalhador do Carnaval, criando o projeto “Plumas e Paetês”, que este ano chegou à sua 20ª edição.
“Há uma enorme equipe de trabalhadores anônimos em cada escola de samba, invisíveis para o público que assiste aos desfiles”, disse José Antônio, referindo-se a toda cadeia que produz para que uma agremiação desfile na Marquês de Sapucaí, peças fundamentais de uma grande engrenagem que é o desfile carnavalesco.
Segundo José Antônio, “a premiação e a divulgação do trabalho desses profissionais geram um sentimento de valorização e reconhecimento”, tirando os artistas do anonimato.
Exemplo
Ensinamento
Neide de Paula, uma das Mulatas de Sargentelli nos anos 1960, tempo do “Ziriguidum”, foi uma das palestrantes da Oficina para passistas. “Na saída, uma menina com sotaque diferente se aproximou para conversar. Era uma francesa, que viu a notícia sobre a Oficina e veio “aprender”, disse Hélio Tremendani. “Sou da França, vi nas redes que tinha um curso de passista e vim aprender para levar para o meu país um pouco da cultura daqui”, afirmou.
Paula Mello, do Instituto Latinoamerica e Hélio Tremendani, da ARUC, parceiros de um projeto que busca valorizar a cultura carnavalesca no Distrito Federal, através do aprendizado da produção artísticas e da arte dos passos do brasileiríssimo samba
Produções artísticas-carnavalescas produzidas pelos alunos, durante a Oficina de Fantasias e Adereços