Por Hélio Tremendani
É do jornalista Moacyr de Oliveira Filho, que cumpriu quatro gestões como presidente da Aruc, um importante e oportuno livro de memórias de quem esteve preso e foi torturado.
Moa, como é conhecido, perpetuou em 178 páginas a sua bem movimentada vida de jornalista, sambista, dirigente sindical,torcedor corintiano, portelense, militante político que combateu a ditadura, enfim.
Aos 72 anos, esse paulista, repórter já com longas caminhadas pelos corredores do Congresso Nacional e arredores, tem muitas histórias para contar. Uma delas emociona pela extrema sinceridade com que narra um momento difícil de sua vida. E foi nessa ocasião que ele conheceu a belíssima flor “agapanto”, nos jardins de uma clínica em Curitiba, onde esteve internado para tratamento de dependência química e alcoolismo.
Agapanto, também conhecida por “lírios do Nilo”, floresce apenas uma vez por ano. E foi justamente na época da internação de Moa que elas começaram a desabrochar no jardim daquela clínica paranaense.
“Inicialmente, pensei em escrever um romance autobiográfico, mas acabei optando por ser direto, jornalístico, e relatar os fatos e episódios, como numa reportagem. Afinal, esse é o meu ofício. O que se lê aqui é uma reportagem, sem nenhuma preocupação literária”.
Enfim, ganha o leitor com a recuperação de uma parte da história da ditadura no Brasil, contada por quem foi vítima daquele regime que lutamos, permanentemente,para que não volte nunca mais.
Memória
Moa está em Brasília desde 1977. Está perto de completar meio século de íntima convivência com a capital da República.
Mesmo com esse histórico, ele não perdeu o vínculo com as suas origens esportivas, tendo o Corinthians como o clube de coração e a Portela, histórica agremiação de samba do Rio de Janeiro com a qual mantém próxima relação. De tal forma que, em Brasília, vinculou-se à Aruc, também azul e branca, uma espécie de extensão da escola carioca.
Foi com esse perfil de sambista que ele se credenciou e presidiu a Aruc em cinco mandatos, em gestões impecáveis: 1991/92, 2002/04, 2010/12, 2016/18 e 2018/2020.
Não fosse por isso, Moa alia-se aos princípios da “Memória da Cultura e do Esporte” como um dos mais importantes batalhadores pela causa democrática, quer pelo seu passado de ativista quer por seu exemplo e liderança de agora, quando a nação brasileira, tristemente, ainda passa por ameaças remanescentes da ditadura.
Por tudo isso, saudamos o companheiro Moa, esse corajoso jornalista paulista-brasiliense que abriu o seu coração para contar sobre a sua história de vida e que aqui também contribuiu e contribui para a promoção e valorização da cultura da ainda jovem capital.
Serviço:
Moa – 61 99329-4475