Memórias da Cultura e do Esporte de Brasília
Por Hélio Tremendani
Em 1995, fui indicado pelo administrador do Cruzeiro para coordenar o Projeto “Temporadas Populares’, na Aruc. O evento era promovido pela Secretaria de Cultura e tinha na coordenação o produtor cultural Milsinho. Era um grande desafio trazer sambistas consagrados durante um mês, nos finais de semana. Mas, eu tinha bons contatos no Rio de Janeiro e fui à luta para estruturar o evento.
Um dos shows foi o do Martinho da Vila com a sua Banda. Neste dia, a entidade cruzeirense recebeu mais de dez mil pessoas, entre elas o então governador Cristovam Buarque, que, ao chegar, quis ir ao camarim cumprimentar o consagrado sambista carioca.
Naquele momento, sugeri um caminho desviando da multidão, mas o governador não concordou e resolveu passar no meio das pessoas. Era um risco uma autoridade circular entre um enorme público de populares, sambistas e políticos, mas não tivemos como fugir.
Imediatamente, solicitei ao diretor da Aruc, Marcio Careca, que mobilizasse todos os atletas e dirigentes que ali estavam, além dos seguranças, para ajudar a levar o ilustre visitante ao camarim. Era um percurso de 50 metros, aproximadamente. Foi um sufoco e a caminhada durou uma eternidade, pois Cristovam era muito popular e querido. Enfim, o esquema funcionou como num milagre e tudo deu certo. E, o melhor, foi muito bom ver a alegria do Martinho da Vila ao receber o governador em seu camarim, pois eram amigos.
O show foi um sucesso e mais uma vez eu e a equipe de dirigentes só tínhamos que comemorar.
Lá do céu, nosso eterno presidente Sabino certamente estava feliz, pois a sua “Jovem Guarda” deu conta do recado, mesmo em momentos tensos como aquele que vivemos. Para isso, seguimos os seus conselhos e ensinamentos; humildemente, havíamos aprendido a lição de trabalhar em equipe.
“Jovem Guarda” era como nosso Mestre chamava um grupo de garotos, por ele convidados, para compor a sua diretoria. Grande Sabino, grande Escola que tivemos.