Por José Cruz

Com um filme baseado em fatos, 54 anos depois de ocorrido, o Brasil ganhou o principal prêmio do cinema e escancarou ao mundo uma síntese do que foi a crueldade – ainda impune – do regime militar, que durou 21 anos (1964 – 1985).
A premiação de Melhor Filme Internacional, tem significado maior, além de reconhecer Walter Salles como um diretor de elite. O Oscar vem para o Brasil enquanto ainda se julga a tentativa de novo golpe, dessa vez por inexperientes oficiais de gabinete.
O prêmio tem como ponto de partida o livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva. Ele narra a trajetória do pai, Rubens Paiva, deputado federal em 1971, quando foi preso e morto pela ditadura militar, no Rio de Janeiro. A partir daí, transforma-se a vida de Eunice Paiva, mãe do autor, que buscava incessantemente informações sobre o marido, levado de casa pelos militares para “depoimento” do qual não voltou.
Essa narrativa é valiosa para que as gerações pós 1964 não se aventurem em apoios do gênero, sem conhecer sobre o que esse regime é capaz. Por isso, o Oscar, ao premiar a Arte e os artistas brasileiros, tem o significado de recuperar a triste história que tantos ainda desconheciam.
Oportunas e merecidas palavras do diretor Walter Salles, na premiação:
“Isso vai para uma mulher que, após uma perda sofrida durante um regime autoritário, decidiu não se dobrar, mas resistir. Esse prêmio é para ela, seu nome é Eunice Paiva”