8 de fevereiro de 2025

Léo Benon, do esporte ao cavaquinho: um show de transição

Por Hélio Tremendani e José Cruz

Aos 41 anos, o brasiliense Léo Benon passa a integrar a galeria de personagens da memória da cultura do Distrito Federal. Por merecimento, com certeza.

Mestre em Música pela Universidade de Brasília, a carreira de Léo nessa arte começou quando tinha 15 anos. Para isso, ele desistiu do futebol com os amigos para se dedicar aos estudos de música, violão e cavaquinho. Já lançou dois CDs, sendo o último, Choros de Roda, com 12 músicas, todas autorais.

As origens

O interesse de Léo Benon pela começa com a história familiar que precisa ser registrada. Foi assim:

O seu avô paterno, Benon Peixoto da Silva, hoje com 89 anos, tinha cultura respeitável. Era professor de Biologia, advogado e capitão do Exército. E, nas horas de folga, escrevia sambas-enredo para Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Engenho da Rainha, do Rio de Janeiro, fundada em 1949.

“Num certo Carnaval, na escolha de um samba-enredo, houve um empate técnico com outra letra, autoria de um filho de Carlos Cachaça, parceiro de Mestre Cartola, sambistas cariocas consagrados em todo país”.

Por esse resultado observa-se que Benon Peixoto era do ramo, entendia do riscado, como se diz. E é nesse DNA do samba que está a origem da carreira musical que o neto Léo viria a seguir, sem esperar, pois na juventude a natação era a prioridade dele, seguida do futebol.

Chegando em Brasília

Certo dia de 1977, quando tinha 40 anos, o hoje Vovô Benon Peixoto da Silva lotou dois carros com seus 16 filhos e se mandou do Rio de Janeiro, onde morava, para Brasília, onde, mais tarde, nasceriam mais três filhos. Daqui ele seguiria para Cuiabá, onde assumiria novo posto militar na guarnição daquela capital. Quando estavam próximos de Brasília, um dos carros sofreu um acidente e a permanência da família por aqui se estendeu para que o carro danificado fosse consertado.

Encantado com a cidade e até para evitar mais 1.135km de estrada até Cuiabá, Benon Peixoto foi ao Ministério do Exército tentar ser realocado para Brasília. Porém, não obteve sucesso em seus contatos.

Quando saía do prédio do Ministério, desanimado com o insucesso de sua investida, Benon cruzou por um ex-colega de guarnição que o reconheceu e a conversa foi longa.

O tal ex-colega, sensibilizado com a história de Benon, comprou a parada e colocou o seu prestígio no Ministério a serviço do amigo e da família, dessa vez com sucesso. E foi assim que Cuiabá ficou na saudade e Benon se fixou em Brasília, sendo contemplado, inclusive, com um apartamento na quadra residencial 102 Norte.

Entre os 16 filhos daquela jornada estava Roberto, então com 19 anos, que viria a se casar com Denise, de cuja união nasceu o brasiliense Léo Benon, personagem central desta reportagem.

Futebol com amigos

Léo morava na Quadra 411 Norte, onde o futebol rolava diariamente, seguido da natação, que ele praticava. Até o dia em que surgiram grupos de pagode na cidade, movimento musical que chamava atenção pelo novo ritmo e o interesse demonstrado também pelas garotas, atraídas por essa novidade surgida no Rio de Janeiro, no final dos anos 1970.

A turma de futebol decidiu investir no Pagode, pois a maioria dos garotos dos blocos daquela Quadra já tinha formado seus grupos. Léo não tinha saída. Os seus colegas do jogo de bola estavam mesmo decididos pela música, até porque, a batida dos pagodeiros atraía mais garotas do que o futebol. Ainda adolescentes, paquera estava no ar…

Visita ao morro

O tempo passou e, certa vez, Benon levou o neto Léo para conhecer o morro Engenho da Rainha (foto), onde se criou e até fundou uma escola. Foi emocionante para os dois verem que a escola construída por Benon continuava lá, ao pé do morro, onde ele ensinou amigos a ler e a escrever.

“Vi a molecada cantando o samba-enredo dos anos mil novecentos e tanto, composto por meu avô. Foi emocionante. nunca tinha subido um morro e foi uma visita emocionante”, conta Léo.

Quando chegamos ao pé do Morro, a Velha Guarda Escola de Samba estava toda lá nos esperando. De repente chegou o ´líder do morro´ e foi logo na mesa dos coroas.

– Quem é o branco aí? – quis saber.

“Sou eu” – respondeu Benon.

– Eu sou fulano, neto de cicrano. O meu avô cresceu na vida porque você o ensinou a ler e a escrever. Como posso lhe retribuir”? – indagou o reconhecido senhor.

-“Tô com uma galera que quer subir, conhecer a cabeça do morro”, respondeu Benon.

Na verdade, a´galera´ era integrada pelos contemporâneos, amigos das antigas de Benon, que queriam ter a oportunidade de voltar ao local onde moraram.

O ´líder´ passou um rádio avisando à turma que os visitantes subiriam o morro e não era para molestá-los nem mostrar arma para ninguém…

“Quando subimos a primeira parte, paramos para descansar e aproveitamos para tomar cerveja num boteco”, recorda Léo. Nesse estágio da subida, Benon mostrou aos familiares a casa onde havia morado. Mais emoções… E seguiu a caminhada.

“Lá em cima, na cabeça do morro, era uma maravilha. Via-se toda a cidade, a Baía da Guanabara”…

O Velho Benon foi homem de iniciativas. Chegou a ser aprovado para cursar a Faculdade de Medicina da Universidade Gama Filho. Porém, não pode cursar, o trabalho para o sustento da casa era prioridade.

Lembrança

Ainda sobre as origens de sua família, Léo guarda uma lembrança ocorrida com um amigo de Benon:

“Certa vez, um amigo de vovô, Tuninho, participou de um concurso de redação sobre escolas de samba e ganhou um diploma. Depois, contou ao meu avô que a sua redação tinha como base o samba-enredo que ele havia criado para Escola de Samba Engenho da Rainha, falando sobre a cultura negra, suas dificuldades na sociedade etc… e foi em cima daqueles versos que desenvolveu a sua redação premiada”. Tempos depois, Tuninho encaminhou ao autor do samba-enredo, o agradecimento, como registra a imagem acima.

 Depoimento

O carioca e pioneiro de Brasília, Hélio Tremendani (foto), já estava aqui quando Vovô Benon chegou. Depois, passou a acompanhar a carreira do cavaquinista Léo. Logo, é com conhecimento de fatos que Hélio prestou o seguinte depoimento:

“O avô de Léo, mantendo a tradição carnavalesca que trouxe do Rio, criou uma escola de samba com outros amigos militares, aqui em Brasília. Mas, enfrentou resistência, porque os dirigentes das escolas já existentes não queriam novas concorrências. Benon Peixoto da Silva se aborreceu com essa oposição e acabou desistindo da ideia”.

À época, o prestigiado jornalista Ary Para-Raios (Ary José de Oliveira, 1931 – 2011), então editor de Cultura do jornal Correio Braziliense, publicou uma reportagem – “A Travessia da Via Crucis” – contando sobre o carnavalesco e o compositor Benon, já conhecido por seus vínculos com o Carnaval e escolas de samba.

Presidente da Liga

Embora morasse na Asa Norte, Benon Peixoto da Silva frequentava muito a ARUC, no Cruzeiro, reduto do legítimo samba carioca, sempre acompanhado por sua esposa, Miriam, onde eram muito queridos “e porque tinham um papo muito legal”, reconhece Hélio Tremendani.

Dessa relação com a comunidade cruzeirense, foi sugerido que ele fizesse parte da diretoria da ARUC. Como Benon não aceitou, fizeram um acordo para que a sua experiência de carnavalesco não fosse desperdiçada: “Sugerimos que ele assumisse a Liga das Escolas de Samba de Brasília”, recorda Hélio. “Seria uma forma de as direções das demais escolas demonstrarem o reconhecimento ao trabalho dele”.

Dessa vez, a proposta vingou e ele fez uma ótima gestão.

“Os grandes desfiles de Brasília foram com Benon na Presidência da Liga. Mas, ele decidiu estudar Direito, depois foi dar aulas e acabou se afastando do movimento carnavalesco. Mas, antes de deixar a presidência da Liga, ele trocou o local de desfiles do Carnaval brasiliense, que era na W3 e passou a ser feito no Eixão”, recorda o neto Léo.

Léo e a música

Mas, voltando aos tempos em que Léo trocou o esporte pela música, lá pelos seus 15, 16 anos…

As reuniões para criar o grupo de Pagode com os amigos eram no bar “Gargalo”. Foi lá que cada integrante escolheu o seu instrumento. A primeira opção de Léo foi pela cuíca, mas desistiu. Não havia professores desse instrumento, à época. Começou, então, aprendendo banjo, com transição rápida para o cavaquinho. As aulas eram na Escola Brasileira de Choro, a primeira do gênero no país, criada em 1997 por Raphael Rabello.

A Escola funciona no Clube do Choro, referência da música em Brasília, que se tornou mundialmente conhecida quando o Beatle Paul McCartney (foto) ali se apresentou, em novembro de 2023

Foto: Agência Brasil – EBC                                             

Pioneira

“Essa escola é pioneira no ensino do Chorinho. E foi nela que eu me apaixonei pela música e acabei ficando, conta Léo, sobre o início de sua trajetória, evoluindo até se tornar músico profissional.  No início, teve aulas com Ricardo Farias, violonista de 7 cordas e cavaquinista, professor da Escola Parque 210/211 Norte, onde criou um projeto de aulas de choro para a comunidade, entre 1997 e 2001, que originou o grupo Novos Chorões, fato que a imprensa publicou, conforme o registro abaixo:

Na medida em que avançava nos estudos, Léo foi conhecendo outros instrumentos, como caixa e surdo, que tocou na bateria da Acadêmicos da Asa Norte. Foi para essa Escola que ele integrou o grupo que compôs o samba-enredo do Carnaval de 2005, “Nós somos Brasília, a capital da Esperança”.

Paralelamente, Léo cursava o segundo e o terceiro anos do ensino médio, no Colégio Compacto, pelas manhãs e estagiava no Superior Tribunal Federal à tarde, quando já pensava em fazer Direito. No estágio, porém, ele não gostava da forma como os advogados por ele atendidos tratavam os funcionários do gabinete, com ar de superioridade, sobretudo, e aquilo foi minando a sua vontade de estudar Direito. Acabou desistindo do Tribunal, mas seguiu ajudando o avô Benon.

Valioso apoio

Em casa, Dona Denise, a mãe de Léo, observava que crescia o envolvimento do filho com a música, que já era um caso de paixão irreversível. Foi quando fez a sugestão que, partindo dela, representou um expressivo apoio à carreira que se desenhava: “Porque você não estuda música”, indagou Denise, em tom de um “vá em frente, meu filho”…

“Essa sugestão me surpreendeu, pois havia uma resistência muito grande de papai, Roberto, para que eu ingressasse na carreira de músico”, diz Léo.

Foi com esse empurrão que Léo prestou vestibular em 2001 e ingressou no Curso de Música da Universidade de Brasília, onde ele foi pioneiro em introduzir o cavaquinho naquele prestigiado ambiente acadêmico. “Lá era muita música erudita. Aí, numa prova prática, toquei cavaquinho, que acabou sendo aprovado, tornando-se referência nas provas de Habilidades Específicas”.

Formação e docência

Depois de uma interrupção nos estudos – “estava ganhando um bom cacau tocando cavaquinho na noite de Brasília” – Léo Benon retornou à UnB, em 2010, licenciando-se em 2014. Em seguida, começou o curso de mestrado, que concluiu em 2017. Resultado dessa trajetória educacional: Léo foi professor por 18 anos, até janeiro de 2024, da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, quando foi nomeado pelo concurso que prestou para Secretaria de Educação do Distrito Federal.

É importante registrar, que na sua pesquisa de mestrado escolheu o tema “O Estilo Interpretativo de Waldir Azevedo – Aspectos técnicos e expressivos”, pelo Programa de Pós-Graduação Música em Contexto, da UnB.

Referências

Ao longo da carreira, que já dura 26 anos, o cavaquinista e compositor Léo Benon estudou com renomados professores, entre eles Evandro Barcellos – 1961-2016 – (foto), também um dos fundadores do Clube do Choro, Jorge Cardoso, Ricardo Farias, o Brito 7 Cordas e Henrique Cazes, em curso de verão, na Escola de Música de Brasília, e o Alencar 7 Cordas. “Evandro abriu espaço para muita gente. Além de meu professor, eu tinha uma amizade muito forte com ele”, conta Léo.

Grupos

Léo integrou a composição de vários grupos, até aqui, como consta em seu portfólio:

Os Novos Chorões, Sorrindo à Toa, É do que há, Vê se Gostas, Sete na Linha, Feijão de Bandido, Cacá Pereira, Choro Positivo, Cavaco & Choro, Pernambuco do Pandeiro e os Candangos do Choro, O Jaissambou, Casa Brasil, Caminhos do Basil, Cacai Nunes e Regional Chora Viola. Nesse embalo, Léo também participou de várias gravações de CDs e DVDs de artistas brasileiros.

“Na minha trajetória, acompanhei muita gente, samba, forró e choro, e isso me orgulha muito. Acompanhei Dona Ivone Lara, Diogo Nogueira, Jorge Aragão, Nelson Sargento, Elton Medeiros, Roberto Silva, Toninho Gerais, Chico Sales, uma turma grande do samba e do choro, com quem dividi o palco, entre eles Silvério Pontes, Sebastiao Tapajós, Ronaldo do Bandolim.

Lançamentos

Já como solista de cavaquinho, lançou em 2013 o seu álbum de estreia, Léo Benon; e, em 2022, Choros de Roda, seu primeiro álbum autoral. Também participou de gravações com Carlos Poyares, Evandro Barcellos, Fernando César, Jorge Cardoso, Carlinhos Bombril, Dolores Tomé, Cacá Pereira, Marcelo Sena, Heróis de Botequim, Dudu 7 Cordas, Cacai Nunes e Patubatê.

Léo também foi cavaquinista da cantora Dhi Ribeiro (foto) por nove anos, quanto atuou como diretor musical e arranjador das apresentações da cantora.

O portfólio de Léo Benon é extenso e inclui a fase em que foi músico, diretor musical e arranjador de Cacá Pereira, de quem se tornou parceiro e venceu o festival da CUT-DF com o samba Inquietação.

Gesto de poeta

Certa ocasião, depois de um compromisso em Campinas, em São Paulo, Léo aguardava embarque para Brasília no aeroporto de Viracopos. Caminhava pelo saguão assobiando quando, inspirado pela lembrança do reencontro que teria com a namorada, em Brasília, começou a compor uma música dedicada a ela. Aprimora daqui, ajusta dali e saiu Nota de Saudade, que ele presenteou à mulher amada em seu regresso. Gesto de poeta, claro.

Baguncinha e Sapequinha 

Léo tem duas filhas, Cecília, 10 anos, a Sapequinha, de seu primeiro casamento, com Bárbara, e Elisa, de dois aninhos, a Baguncinha, da atual esposa, Valéria. É um papai que mostra olhos brilhando quando fala das garotinhas, em especial sobre as músicas que para elas compôs.

“Tudo era novidade naqueles anos de 2014 para a chegada da primeira filha. A mamãe Bárbara já no oitavo mês de gravidez. De repente, veio a inspiração, que materializei em música, “Choro da Vinda”. Foi a primeira música para Cecília, retratando a expectativa da vinda de uma criança, todo mundo aguardando, imaginando-se como ela seria…”

Antes de Léo gravar Choro da Vinda, Fernando César, um dos 7 Cordas aqui de Brasília, irmão do Hamilton de Holanda, gravou a música num CD chamado Tudo Novamente, lançado em 2015.

“Fiquei feliz de ele ter gravado essa música, pois

Fernando  César é uma das referências do Choro”,

reconhece Léo.

Depois, quando Sapequinha já estava com dois aninhos, Léo compôs e gravou outra música, A “Farra do Grilo”, que teve inspiração diferente.

“Cecilia estava doentinha, tomava antibiótico, não queria comer e a gente no desespero. Numa dessas situações, vi o cavaquinho em cima do sofá e resolvi distraí-la. E comecei a tocar, chamando a atenção dela. O cavaquinho tem um efeito de segunda menor, tlin, tlin… que sugere o som de um grilo. Eu fazia aquele som e dizia, olha o grilo. Ela gostava e ria. Ao abrir a boca, a mamãe ia colocando a comida na boquinha… até terminar o prato. Um alívio”

Foi assim que nasceu A Farra do Grilo, também chorinho, que está em Choro de Roda –, o primeiro autoral de Léo Benon, com apresentação de Henrique Cazes.

“Há dois meses, acabei de compor a primeira música pra minha caçula, Elisa, chamada Baguncinha. Vou lançar dia 10 de outubro, com músicos amigos do grupo Aperto de Mão. O pessoal já reclamava, que faltava uma música pra Elisa. Agora não falta mais, resolvi essa questão doméstica”.

“… Choros de Roda mostra que com talento, estudo e um ambiente favorável o Choro floresce no cerrado, mantendo sua face alegre e suas portas abertas ao novo”.

Do consagrado cavaquinista Henrique Cazes, na apresentação desse CD 

Nova produção

Léo Benon anuncia que em breve começará a produzir um novo CD, com músicas em parceria com outros músicos e as homenagens que ganhou em forma de música.

“Por exemplo, Dudu 7 Cordas fez um baião, Breu na Carona do Fole. O Augusto Contreras e o Augustinho Rodrigues, também fizeram uma homenagem com um choro chamado Léo Cadê o Waldir? Também vou incluir outra música em minha homenagem, de um multi-instrumentista do Estado de São Paulo, Alessandro Penezzi. E tem uma que veio de Minas Gerais, chamada O Cavaquinho do Benon, composição de Toinho Gomes. Tudo isso mesclado com músicas novas. Não vejo a hora de estar no estúdio para gravar”, conta Benon sobre a novidade.

O Chorinho em Brasília

Afinal, por que essa identidade do Chorinho com a Capital da República? O que fez o Choro invadir Brasília? Didático, Léo explica:

“Não tem divisão entre o samba e o choro. Logo no início de Brasília, muitos funcionários públicos que para cá vieram eram chorões e trouxeram, claro, a cultura musical do Rio de Janeiro para a nova cidade que se formava”.

Na história, segundo Léo, Heitor Avena de Castro (1919 – 1981), que tocava cítara, foi o primeiro presidente da Ordem dos Músicos de Brasília e reuniu o primeiro núcleo de chorões aqui na nova capital.  Ao longo de sua carreira, Heitor fez amizade com músicos importantes, como Jacob do Bandolim e Waldir Azevedo, tendo realizado gravações com ambos. A presença dessas “feras” na cidade era incentivo para que o ritmo seguisse em alta.

Jacob do Bandolim teve influência significativa nessa identidade do Chorinho com Brasília, principalmente quando passou seis meses por aqui, em tratamento de saúde.

Durante essa temporada, Jacob realizada saraus com instrumentalistas, muitos dos quais funcionários públicos, transferidos do Rio para a nova capital. Da mesma forma, influenciou a francesa Odete Ernest Dias, fundadora do curso de flauta na cidade.

“Foram essas reuniões e contribuições de nomes expressivos de nossa música que foi formando um grupo que, mais tarde, daria origem ao Clube do Choro, fundado em 9 de setembro de 1977, com a primeira sede nos vestiários do Centro de Convenções Ulysses Guimarães”, recorda Léo.

“E eu crescia acompanhando essa velha guarda, elite da nossa música, verdadeiras referências”, conclui Léo.

Léo, sorridente, com o seu cavaquinho

 E continua a aula:

“Então, a força do Choro tem a ver com isso, a influência dos pioneiros. E a Escola de Música, antes erudita, abriu espaço para a MPB, a evolução foi natural. Hoje a Escola de Choro tem quase dois mil alunos nos cursos de sanfona, bandolim, violão, viola caipira, flauta”…

Homenagem

Em 16 de março, Benon Peixoto da Silva completou 89 anos. Seu neto, Léo, seguidor de sua arte musical, escreveu:

“Parabéns, Vovô Benon!

89 anos de muita experiência, pai de 19 filhos, professor de biologia, advogado, capitão do Exército, compósito, ex-presidente da Acadêmicos do Engenho da Rainha e ex-presidente da Liga das Escolas de Samba de Brasília.

Vovô é referência”

Léo, ao violão, com o Vovô Benon, exemplo que também inspirou a carreira do neto

Muito obrigado

Hélio, Léo e José Cruz

Obrigado, Léo, pela entrevista, ao Memória da Cultura e do Esporte em Brasília. Muito obrigado.

Foi uma aula, antes de tudo, ministrada na mesa de um café em tarde quente, mas de conversa agradável, com informações valiosíssimas sobre boa parte da formação musical de nossa Brasília.

Léo não esconde a paixão pela música quando lembra a sua formação e comenta sobe os seus “causos” vividos ao longo da carreira, até aqui.

É difícil acreditar que nessa cabeça que hoje forma novas gerações musicais esteve, por bom tempo, um craque do futebol, jogado nas quadras ainda desertas de Brasília, logo o seu início.  Bendito Pagode, que chegou à Capital para motivá-lo a mudar de ramo. A música, em geral, e o choro, em  especial, agradecem, obrigado, Léo!