3 de dezembro de 2024

Elza Soares: ancestralidade e arte

Por Vanessa Aquino

Elza Soares era pura ancestralidade. O timbre da voz, a cor da pele, a força e os vestígios da luta para se afirmar em cada suor que exalava. E foi essa Elza que encontrei, durante entrevista, em 2014. A Elza, cuja voz era pura onomatomeia, que ecoava a água a chacoalhar na lata que carregava sobre a cabeça, ainda menina. O som peculiar ela aprendeu a reproduzir e se tornou marca, assinatura.

Não havia naquela voz nada eletrônico e artificial. Acontece que as cordas vocais de Elza eram tortas, segundo diagnóstico da fonoaudióloga que a cantora procurou para entender a razão daquela voz tão única. Tortas como as pernas do craque Mané Garrincha, amor declarado até o fim da vida.

Elza, quando aconteceu a entrevista – publicada no Correio Braziliense, em novembro de 2014 -, já tinha dificuldades para andar. Havia passado por cirurgia na coluna. “Eu descobri que tenho vértebra de criança, não é vértebra de adulto”, disse.

O problema na coluna impôs limitações. E, sem titubear, elencou o que mais fazia falta: “Salto alto e sambar. Ficar sem sambar é castigo”.

Confira a íntegra da entrevista.